quarta-feira, 20 de março de 2013

Práticas trabalhistas da Amazon são questionadas na Alemanha.

Bad Hersfeld, Alemanha – O sindicalista Manuel Sauer estava parado diante do colossal centro de distribuição da Amazon instalado aqui, segurando um recorte de papelão com a figura zangada de Jeff Bezos, CEO da empresa. As equipes de televisão se aproximaram.


Sauer e vários outros ativistas abriram uma faixa de exigências numa mistura curiosa de inglês e alemão cobrando da Amazon, a potência norte-americana de venda pela internet, a negociação de um acordo sindical para sua mão de obra atualmente não sindicalizada. "Make Tarif Vertrag" (faça o acordo salarial) podia ser lido em letras fluorescentes. A seguir, os organizadores marcharam para os portões do complexo da Amazon para entregar os resultados de um abaixo-assinado online apoiando as exigências do sindicato.
Essa pequena cena de teatro de guerrilha, encenada dia 28 de fevereiro, foi a última escaramuça numa batalha que vem crescendo entre o ver.di, um dos maiores sindicatos da Alemanha, e a Amazon, que emprega oito mil trabalhadores permanentes em oito centros de distribuição pelo país, um dos maiores mercados da empresa fora dos Estados Unidos.
As relações de trabalho da Amazon estão sob o escrutínio da imprensa alemã desde 12 de fevereiro, quando as duas principais redes televisivas da Alemanha transmitiram um documentário sobre o tratamento dado aos dez mil trabalhadores temporários que a varejista contratou no ano passado para dar conta das vendas natalinas. Muitos dos operários vieram da Espanha e da Romênia, onde empregos são raros.
Exibido pela ARD (sigla em alemão de Rede Nacional das Emissoras Públicas de Rádio e Televisão), uma emissora considerada de centro-esquerda, implicou que a Amazon empregou seguranças neonazistas para controlar os trabalhadores. O documentário mostrou uma equipe de seguranças contratados por uma prestadora de serviços da Amazon ameaçando uma equipe de televisão diante do alojamento dos funcionários temporários.
Desde sua transmissão, o documentário motivou inúmeras manchetes e discussões nos onipresentes programas de entrevistas da televisão alemã, e pode até se tornar um problema nas eleições nacionais programadas para o outono do Hemisfério Norte, em que os sociais democratas, de tendência à esquerda, vão enfrentar a coalizão governista liderada pela chanceler Angela Merkel, dos conservadores democratas cristãos.

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