Bad Hersfeld, Alemanha – O sindicalista Manuel
Sauer estava parado diante do colossal centro de distribuição da Amazon
instalado aqui, segurando um recorte de papelão com a figura zangada de
Jeff Bezos, CEO da empresa. As equipes de televisão se aproximaram.
Sauer e vários
outros ativistas abriram uma faixa de exigências numa mistura curiosa
de inglês e alemão cobrando da Amazon, a potência norte-americana de
venda pela internet, a negociação de um acordo sindical para sua mão de
obra atualmente não sindicalizada. "Make Tarif Vertrag" (faça o acordo
salarial) podia ser lido em letras fluorescentes. A seguir, os
organizadores marcharam para os portões do complexo da Amazon para
entregar os resultados de um abaixo-assinado online apoiando as
exigências do sindicato.
Essa pequena cena de teatro de guerrilha,
encenada dia 28 de fevereiro, foi a última escaramuça numa batalha que
vem crescendo entre o ver.di, um dos maiores sindicatos da Alemanha, e a
Amazon, que emprega oito mil trabalhadores permanentes em oito centros
de distribuição pelo país, um dos maiores mercados da empresa fora dos
Estados Unidos.
As relações de trabalho da Amazon estão sob o
escrutínio da imprensa alemã desde 12 de fevereiro, quando as duas
principais redes televisivas da Alemanha transmitiram um documentário
sobre o tratamento dado aos dez mil trabalhadores temporários que a
varejista contratou no ano passado para dar conta das vendas natalinas.
Muitos dos operários vieram da Espanha e da Romênia, onde empregos são
raros.
Exibido pela ARD (sigla em alemão de Rede Nacional das
Emissoras Públicas de Rádio e Televisão), uma emissora considerada de
centro-esquerda, implicou que a Amazon empregou seguranças neonazistas
para controlar os trabalhadores. O documentário mostrou uma equipe de
seguranças contratados por uma prestadora de serviços da Amazon
ameaçando uma equipe de televisão diante do alojamento dos funcionários
temporários.
Desde sua transmissão, o documentário motivou
inúmeras manchetes e discussões nos onipresentes programas de
entrevistas da televisão alemã, e pode até se tornar um problema nas
eleições nacionais programadas para o outono do Hemisfério Norte, em que
os sociais democratas, de tendência à esquerda, vão enfrentar a
coalizão governista liderada pela chanceler Angela Merkel, dos
conservadores democratas cristãos.
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